Ego
inflado
Quantas vezes ao acreditar estar
certa me tornei o erro da situação?
Quantos gritos explodiram de
minha garganta para tentar explicar o meu “sempre correto” ponto de vista?
Quantas vezes terei que errar
para poder entender que pedidos de desculpa não significam que tudo será esquecido
e apagado da mente do agredido?
A vida está de sacanagem comigo?
Pergunto-me constantemente. Ou será que o que de fato acontece são episódios
repetidos para que um dia eu haja de uma forma mais acertada?
Quantas vidas teria que viver pra
me assemelhar a mansidão que o amor promete ter, afirma ser, garante trazer?
E mesmo quando sei que estou errada faço um
esforço tremendo para num gesto supremo de minha sublime humildade, e não tão
humildemente, mas com a grandeza do espírito que tenta provar que eu sou tão
magnífica que consigo ir além... peço.
Perdão!
Que coisa monstruosa é a palavra
na boca de um orgulhoso.
Entristeço-me só de pensar que o ego inflado é
a mais terrível deformidade que qualquer um de nós pode ter.
Na verdade o desejo era de ouvir
que eu estava certa, que minha justiça própria tem valor, que meus gritos foram
justos e que tudo não passou de ignorância da outra parte. Mas como sou
maravilhosa, me humilho diante do errado, isso só para provar que eu estou
certa.
Longe de todo meu ego, ofusca-me
o perdão divino, incondicional, gratuito, manso e delicioso de saborear. Ele me insufla a passar por cima de todas
minhas conjecturas de certo ou errado. Ele me esbofeteia na cara, com luvas de
pelica, quando sem esperar nada em troca simplesmente perdoa. E depois de
perdoar ama.
Isso definitivamente dilacera
minha soberba.
Como é difícil encarar Deus do
ponto de vista dele próprio. Como é difícil sobrepujar meus instintos de
sobrevivência, toda minha carência e necessidade de ser vista como a certa o
tempo todo, e encarar o amor de quem nem ao menos precisava amar.
Será que algum dia conseguirei
entender que nem a vida, meu mais precioso bem, nem a morte, meu destino já
traçado, está em minhas mãos? Que o que eu penso pode ser certo, como não. Que
o que quero posso ter, ou não? Que o que eu sou é o reflexo do que eu faço e
não do que eu brado?
Será que um dia conseguirei não
viver mais eu, mas deixar que o meu rei verdadeiramente viva em mim?
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